segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Revista Blecaute : Vale a pena dar uma olhada

A equipe Olhar Cultural recomenda a leitura da 6ª Edição de Blecaute: uma revista de Literatura e Artes, digital em formato pdf que tem como objetivo divulgar a produção literária e artística (contos, poemas, ensaios, dicas de leitura) de “novos” autores e artistas paraibanos, assim como de agentes de outros estados do nordeste, do Brasil e membros dos países lusófonos que interajam de algum modo com a literatura atualmente produzida no Estado da Paraíba.

Todos os membros do grupo são alunos da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB): Bruno Gaudêncio, graduado em Jornalismo e aluno de História; Janailson Macedo, graduando de História; e João Matias, aluno de Jornalismo. Segundo João Matias, a publicação surgiu no fim de 2007, com os outros dois editores, e ele próprio veio depois se juntar ao grupo. A periodicidade da revista é trimestral, com colunistas fixos, porém sempre com novos conteúdos de colaboradores diversos, selecionados pelos editores.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Você escreve, mas ele conserta


Por Lígia Coeli - @ligiacoeli

Cheguei perto daquele homem baixinho e pedi para que ele me mostrasse uma máquina. A descrição era simples: 'quero uma igual a do meu avô'. Sumiu por um instante, se embrenhou por um mundo de letras, parafusos, teclas gastas e maquinetas que ele amontoara ali mesmo, há quarenta anos. 'Quero uma que possua maleta', dizendo isso dificultei a busca. Era o jeito mais urgente para que ele demorasse mais, e eu pudesse ficar parada, observando por mais tempo como aquele senhor moreno faiscava por entre as ferragens. Eu acompanhava tudo com o olhar mais voluptuoso que podia lançar. Era bonito vê-lo daquele jeito, órbitas negras e mãos engilhadas, preocupadas em encontrar o pedido do cliente.

Parecia que seu Carmelindo Ferreira da Silva, de 67 anos, havia estado ali sempre. Caso ele não se mexesse, e a cabeça já um pouco alva denunciasse o roteiro do corpo, era quase impossível encontrar o homem amufambado no pequeno cômodo. Assim era a cena que se repetiu durante toda a minha infância, e permaneceu intacta até hoje: o personagem quase-lenda que se enfiava no cubículo, numa estreita rua do centro de Campina Grande, e consertava as máquinas de escrever.